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Mostrando postagens com o rótulo Morte

O INCRÍVEL RÚCULA

              Por alguma razão, toca-me escrever sobre meus amigos, tanto vivos quanto mortos. Na medida em que o tempo passa, o segundo grupo aumenta, e é com tranquilo pesar que vejo em cada um que se vai o lembrete de que minha hora também há de chegar. Enquanto espero, vivo (tranquilamente) todas as horas, escrevo (inevitavelmente), que seja como forma de aumentar minha poupança para a viagem final.             Cada pessoa tem um toque especial que merece ser lembrado, Roberto Soares, um amigo dos anos 90 em Belo Horizonte, tinha uma notável veia satírica e uma atitude udigrude (underground) muito simbólica daquela época. Venho agora a saber do seu passamento e lanço ao vento estas poucas impressões.             Numa tarde de fim de ano, lá pelo ano de 1995, enquanto caminhava pelo campus da UFMG, deparei com ...

MORTE E VIDA DE LUIZ VIEIRA

  Lúcia, Luiz, Rose e eu.              Bendita a morte, que é o fim de todos os milagres, escreveu Manuel Bandeira em um dos seus últimos poemas. O bardo teve um longo tempo para se preparar, após confrontar o fim com tenros dezessete anos de idade. Por isso é bom nos prevenirmos, o fim virá com ou sem motivo.             Para a maioria, morte é fato inédito , tristeza, esquecimento, solidão, vazio de coração raso e mente enrijecida pelo materialismo. No entanto, não era para ser assim.             Tão certa quanto o dia e a noite, deveríamos enfrentá-la sem comoções e até mesmo saudá-la como o poeta, por que não, sem mágoas, compreendendo que se trata apenas da passagem para outro nível, no qual a noção do tempo se desfaz.             Está no Eclesíastes: p...

MORRER!

BR 381, trecho Timóteo - Belo Horizonte.              A espécie humana evolui, a cada dia são incorporadas novas conquistas científicas e tecnológicas. Mas não abandona de todo os instintos dos tempos das cavernas ou dos gladiadores. Inteligência e estupidez não são incompatíveis, elas atuam lado a lado, e, quando a segunda predomina, é bomba!, costuma provocar acidentes e mortes nas estradas. Na Grécia Antiga, morria-se aos 25 anos, pois (quase) todos os homens válidos tinham que defender sua cidade e conquistar outras, através da guerra. Hoje a expectativa de vida ultrapassa os 80 anos, a morte demora a chegar. Uma vida assim pode ser longa demais para alguns, é natural que venha o desejo de encurtá-la.             Uma das formas mais eficientes para se morrer subitamente é ao volante de um automóvel.   No trânsito, há aqueles que acham que devem andar mais rápido do que os d...

QUANTOS PROBLEMAS! VIVA OS PROBLEMAS!

  (Imagem: www.filosofiacienciaevida.uol.com.br)             Calma, não estou desejando calamidades a ninguém! Mas uma dorzinha aqui, um treco quebrado ali e um apertozinho financeiro não fazem mal a ninguém, muito pelo contrário. Não é a própria natureza que diz que o que não se usa, enferruja, carro apertado é que canta? As estações passam, da árvore ao eretus foram milhões de anos, não se pode desperdiçar a oportunidade, afinal, nascer humano é um imenso privilégio.             A tolice é prima da inércia, só se aprende a lição através de inúmeros enfrentamentos, nos quais nos deparamos com a natureza transitória das coisas e das relações. A alegria passageira, a sensação de segurança material, uma medíocre existência, talvez, frequentemente precipitada.              O mundo metafísico não está em n...

REMEMBER - CHRISTINA ROSSETTI

Ilustração de Dante Gabriel Rossetti, irmão da poetisa, para o livro Gobling Market and Other Poems.             Christina Rossetti foi uma poetisa inglesa do século XIX (1830-1894), proveniente de uma família de grandes talentos (pai poeta, irmão pintor e poeta). Começou a escrever muito cedo e se tornou uma das vozes femininas mais conhecidas da poesia vitoriana, juntamente como sua compatriota Elizabeth Barret Browning. Sua obra é caracterizada pelos temas do amor e da morte, assim como pelo misticismo religioso. O poema a seguir é um dos mais conhecidos de sua rica lírica. Ao lado do original, uma tradução livre, para que o leitor penetre o “sentido” do poema. Logo depois, uma breve análise e uma versão pelo nosso maior poeta, Manuel Bandeira.                                  ...