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Mostrando postagens com o rótulo Buenos Aires

OS PELOTUDOS

  Página de "Pelotudos" de Mario Kostzer.         Pelotudos é uma gíria de Buenos Aires cujo sentido depende do contexto, indo do boçal ao arrogante, passando pelo inconsequente, folgado e aproveitador. Carrega uma ponta de juízo e outra de humor e galhardia, como costuma acontecer com as invenções do vocabulário popular. Sendo assim, traduz uma síntese cultural que aproxima o crítico do seu alvo.             A cidade está cheia deles: nas ruas, nos bares, nos táxis, até nas livrarias que pululam na Avenida Corrientes, perto do obelisco da Nove de Julho.             Tomei conhecimento do termo ao frequentar um café da Praça Lavalle, (mais conhecida como Tribunales pelos locais), logo atrás do Teatro Colón. Emoldurada por uma linda arquitetura que combina o clássico e o moderno, a praça tem no centro algumas árvores imensas, que serve...

PIQUENIQUE

(Imagem: www.emblibrary.com)              Piquenique é menos comum hoje em dia do que na época em que a palavra se escrevia com hífen. Por outro lado, o interesse decrescente entre nós a respeito corresponde ao confinamento em que vive a maioria dos citadinos.   Mas alguns povos ainda guardam esse hábito fundador da humanidade: desde os primórdios os homens sentaram no chão para comer, conversar e celebrar.             Os japoneses, por exemplo, lotam os parques no Hanami ou Festival da Floração da Cerejeira, quando celebram a chegada da primavera e das atividades ao ar livre. Colocam sobre o chão uma esteira, um tatame ou uma toalha, mais um cesto de víveres, e várias gerações se assentam no mesmo nível. Tradição oblige , aqui e ali, gueixas se deixam entrever sob a luz tênue das sombrinhas, tão discretas e cool que fazem pensar que é de seus suspiros que nascem os botões de cer...

BUENOS AIRES: MELANCHOLY BLUES

       Não deve ser comum valer-se do blues para representar Buenos Aires. O tango, é óbvio, seria a tradução da verdadeira alma portenha. Mas o tango me é externo, admiro sua estética e teatralidade sem compartilhar seu sentimento. Enquanto que o blues é negro e está mais próximo de mim, que, como brasileiro, me vejo em parte assim.          A melancolia das ruas retas e largas, um tanto desérticas à noite no mês de janeiro. Da cidade dos pedestres, plana e agradável ao olhar de quem caminha.        Pouco a pouco, nos habituamos ao ritmo ágil e constante da marcha portenha, à qual se acrescentam como agradável surpresa muitas bicicletas e até patins e skates.                Percorrer a Calle Florida à noite, da Plaza de Mayo à Plaza San Martin, cruzando com gatos e outros seres noturnos. Ou faz...