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Mostrando postagens com o rótulo Memória

MORTE E VIDA DE LUIZ VIEIRA

  Lúcia, Luiz, Rose e eu.              Bendita a morte, que é o fim de todos os milagres, escreveu Manuel Bandeira em um dos seus últimos poemas. O bardo teve um longo tempo para se preparar, após confrontar o fim com tenros dezessete anos de idade. Por isso é bom nos prevenirmos, o fim virá com ou sem motivo.             Para a maioria, morte é fato inédito , tristeza, esquecimento, solidão, vazio de coração raso e mente enrijecida pelo materialismo. No entanto, não era para ser assim.             Tão certa quanto o dia e a noite, deveríamos enfrentá-la sem comoções e até mesmo saudá-la como o poeta, por que não, sem mágoas, compreendendo que se trata apenas da passagem para outro nível, no qual a noção do tempo se desfaz.             Está no Eclesíastes: p...

IBIRAJÁ

            Ibirajá é uma vila do município de Itanhém, no Extremo-Sul da Bahia. Fica às margens do Rio Água Fria e possui um lindo sítio, entre montanhas e campos de verdura. Quem ali morou no auge de seu progresso, nos anos 1960 e 1970, impulsionado pela extração de jacarandá na mata atlântica e o garimpo de águas marinhas nas lavras do Salomão, jamais esqueceu. Era um lugar primitivo, onde se misturavam baianos, capixabas, libaneses e italianos. O orgulho nativo continua em alta com os atuais moradores, que mantêm um ativo grupo no Facebook.             Entre o Ibirajá e as Fazendas Reunidas Coqueiros, localizadas a 9 km a jusante do Rio Água Fria, passei minha infância. A força telúrica da visão infantil e a poesia intensa dos eventos nascidos da vida bruta de antanho inspiraram meu livro Vento Sul, que agora ganha um novo interesse, no momento em que publico o segu...

BACK TO BORGES DA COSTA

         Oh! que saudades que tenho da aurora da minha vida, tss... tss... - quem não conhece o poema de Casimiro de Abreu?                  Escuso os que desejam voltar aos verdes anos e sentir de novo o perfume de um mundo há muito tempo perdido; eu me contento em voltar à juventude, mais especificamente à época em que residi na Moradia Estudantil Borges da Costa em Belo Horizonte. Isso porque a Produtora Almôndega, através de projeto aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura, acaba de lançar uma campanha de financiamento visando a produzir um filme sobre o Borges, como era popularmente conhecido, e suas imbricações com a cultura da cidade e as transformações históricas do país no período 1980-1998.             O Borges, ao qual viria se juntar em 1985 o MOFUCE, foi um espaço franco, construído e reconstruído pelas gerações sucessivas de estudantes e...