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Mostrando postagens com o rótulo Literatura

NO CAMPO

(Imagem da Web)             Tomba Homem era um touro girolando de uma tonelada, temido pelos vaqueiros e peões, que jamais ousariam montá-lo. Até mesmo para os pequenos manejos da granja, ele era evitado, pois tinha temperamento tempestuoso e imprevisível. Melhor deixá-lo com suas vacas, junto às quais ele se fazia tocar de um lado para outro, sem contratempos.               J e M, dois tipos durões, das plagas rurais afamadas pelo machismo, apreço à força bruta e aos gestos rudes, não sabiam disso, o que lhes valeu uma lição de vida e morte e alguns membros quebrados.             Praticavam por profissão essa atividade estúpida que consiste em fazer correr um animal por uma pista de areia e depois jogá-lo ao chão com um puxão violento do rabo. Espetáculo ululante para a plateia encharcada de cachaça e c...

O ALFARRÁBIO

(Imagem: macelginn.com.br)          A cultura anda às traças em nosso país. Meu amigo Jack me contou a história de um amigo dele, professor de faculdade, que se viu desempregado e precisou sacrificar a preciosa biblioteca reunida ao longo de trinta anos. Tirando Bakunin, Paulo Leminski e clássicos da língua portuguesa, contou Jack, todos foram pra fila do bric-à-brac .          “Eu disse a ele que livros usados não têm valor. Ele me levou até a biblioteca e me mostrou uma seleção de obras diversas, ensaios, coletâneas completas, belos livros da José Olympio ilustrados por Poty, livros raros como os de Mendes Fradique e versões originais de Pau Brasil de Oswald de Andrade e Feuilles de Route de Blaise Cendras, lançadas em Paris em 1928. - Vou fazer uma boa grana junto às livrarias da Savassi, afirmou, batendo em meu ombro”.          “Na semana seguinte, quan...

REMEMBER - CHRISTINA ROSSETTI

Ilustração de Dante Gabriel Rossetti, irmão da poetisa, para o livro Gobling Market and Other Poems.             Christina Rossetti foi uma poetisa inglesa do século XIX (1830-1894), proveniente de uma família de grandes talentos (pai poeta, irmão pintor e poeta). Começou a escrever muito cedo e se tornou uma das vozes femininas mais conhecidas da poesia vitoriana, juntamente como sua compatriota Elizabeth Barret Browning. Sua obra é caracterizada pelos temas do amor e da morte, assim como pelo misticismo religioso. O poema a seguir é um dos mais conhecidos de sua rica lírica. Ao lado do original, uma tradução livre, para que o leitor penetre o “sentido” do poema. Logo depois, uma breve análise e uma versão pelo nosso maior poeta, Manuel Bandeira.                                  ...

A POESIA DE BRUNO LONTRA FAGUNDES E JOÃO BATISTA MARTINS

      Muitos dos meus amigos são poetas. Alguns escrevem, outros não. Alguns publicam ou já publicaram e outros nunca se atreveram. Várias publicações independentes - mimeografadas, xerocadas ou acabamento completo – encontram-se em minha biblioteca e gostaria de compartilhá-las, mostrando como, do fundo empoeirado de uma página, a matéria poética volta a reluzir, sempre que tocada.    Edilane, Bruno e Rose - Serra do Cipó, circa 1996       O primeiro é de Bruno Flávio Lontra Fagundes e foi extraído de publicação sem título de 1980: Inda resta um punhado de sol! Choveu ainda agora não sentes a terra úmida e as flores , não vês se vestem de perfumes, escondidas ainda, sairão já não vês? Pra lá é Minas! Conheço seus campos, seu cheiro de montanhas, seu gosto de saudades Rapaz, ainda resta um punhado de sol, resta sim. (semear os campos, colher as estradas, estrelas) sair cantando as luas a poesia d...