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Mostrando postagens com o rótulo Chapada de Santana MG

COGUMELOS AZUIS

                                                                 “Zebu morreu, ele se fudeu, cogumelo é meu!” Ventania             De tempos em tempos, é preciso pingar colírio alucinógeno, usar lentes caleidoscópicas ou tomar cachaça no gargalo. Depois, fugir pras montanhas, quem sabe recuperar um pouco do tribalismo primitivo inerente à espécie. Tem festa no interior, tem lua cheia. Tem bandinhas tocando na frente da igreja desde o meio da tarde. E, quando a noite cai, promissora e fria, tem carreata da santa, sem andor, mas em cima de uma caminhonete. E tem salvas de fogos!              A fogueira é acesa no meio do largo para aquecer o coração de crentes e pagãos, cit...

O DEUS DE PEDRA

Foto de Sérgio Gadelha             Era um tipo mediano, de cabelos grisalhos, aparados à altura das orelhas e densa barba descendo em “v”. Mas sua constituição era robusta: mãos calejadas, músculos fortes e pés de andarilho. O nariz era grande, desses que sempre chegam antes do corpo, e a boca, velada, de cujo antro partiriam provérbios enigmáticos:             “Quem vive na serra, tem gosto de terra.”             “Todo homem deve criar um deus a sua imagem e semelhança.”             Seus hábitos, embora simples como os de um monge, prestavam-se a toda sorte de especulações. As pessoas do lugar o conheciam como Dedeperre, Depa ou, simplesmente, Perre. Parece que, desprovido de parentes e derentes,  havia removido qualquer traço de história do pr...