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Mostrando postagens de outubro, 2014

WHAT TIME IS IT?

                    A arquitetura de Londres chama a atenção pela combinação dinâmica do tradicional e do moderno. O sítio da cidade ajuda, com um rio grandioso partindo-a ao meio e duas margens que rivalizam em landmarks e extravagâncias.  Na margem esquerda estão os principais monumentos e a maioria dos edifícios públicos, como o Parlamento, o Palácio de Buckingham, a Trafalguar Square e as vias comerciais mais movimentadas, como a Oxford Street e a Regent Street.  O Big Ben visto do South Bank, margem direita do Tâmisa, na região central da cidade. A margem direita,  tradicionalmente devotada à arte e à vida noturna, deu o troco nas últimas décadas e lá se instalaram o City Hall, a prefeitura, um edifício de vidro de forma oval, devidamente batido de The Egg, o London Eye, o “olho de Londres”,  nome através do qual se popularizou a roda gigante chamada inicialmente de The Millenium Wheel e, last but not least , o The Shards, o edifício mais alto da Eur

PAISAGEM DA JANELA

(Imagem: www.lucianogallagher.blogspot.com)               É uma janela de correr, em esquadria de ferro, com caixilho enferrujado e basculante torpe. Sem enfeites, apenas uma cortina de tule; a luz e a sombra que se projetam sobre o vidro transmitem a atmosfera exterior para o quarto – quente, claro, frio, escuro. Dá de frente para um robusto pé de acerola que lança galhos e frutos a esmo quando a estação é propícia.   É porto de passagem para muitos passarinhos, dentre os quais os indefectíveis pardais, as elegantes rolinhas, os frágeis colibris e algumas intrépidas cambacitas.             Quando a Sra. Mieko chegou, os passarinhos já tinham se recolhido em meio à densa folhagem de uma árvore mais alta. Ainda restavam migalhas sob o pé de acerola, nacos de pão e grãos de milho que costumo lançar para saciá-los no repasto da tarde.             - Olá, sou Mieko.             - Sente-se, por favor. Minha filha já vai chegar.             - Quantos anos ela tem?       

QUATRO CENAS TIMOTENSES

NO PONTO DE TÁXI              Oito e trinta da noite, esperando no ponto de táxi. Sentado em um cepo à guisa de tamborete, não sou o único a gozar da mansidão da noite do interior, onde os gatos são pardos e a gente distraída. Há dois carros no ponto, mas onde estão os choferes?             - Você sabe onde estão os choferes?             - Os “chof...”?!             - Os taxistas, quero dizer.             - Devem estar fazendo compras no supermercado.             A moça parece nervosa, esperando sozinha no ponto:             - Estou aqui há um tempão. Meu celular tá sem bateria, não posso chamar os táxis da rodoviária.             - Boa ideia. A rodoviária não é longe daqui. Vou ligar.             Ligo pra rodoviária.             - Alô. Estamos no ponto do Bretas, precisamos de táxi. Somos dois passageiros.             - Neste momento, o José Paulo e o Monteiro estão na praça – responde a voz preguiçosa do outro lado da linha.             - E onde estão

ESTAMOS NO SAL

  (Imagem: www.flormel.com.br)             “Como dizia minha avó...”. Quem não conhece um complemento para esta frase? O universo das expressões figuradas é o jardim da língua, tradicional e ao mesmo tempo vicejante, de onde extraem poetas, cronistas e músicos matéria farta e altamente expressiva. É, sobretudo, peculiar à linguagem, costumes, história de cada povo, embora o   sentido seja universal e muitas expressões tenham equivalentes em outras línguas.                    Dizer “A vaca foi pro brejo” é muito mais significativo do que explicar que deu tudo errado e a situação está difícil – tão difícil quanto retirar uma vaca louca de um pântano.  “Macaco velho não põe a mão em cumbuca” é um chamado à experiência. Vem da armadilha besta para pegar macacos: uma banana colocada dentro de uma botija ou cabaça; o primata enfia a mão, agarra a fruta e não consegue mais retirá-la, pois falta-lhe a compreensão de que só a mão aberta consegue passar pelo gargalo. Em sã con