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Mostrando postagens de novembro, 2013

A MORTE DO VENDEDOR DE PICOLÉ

(imagem: www.humortalouco.com.br)                     Esta cidade tem tanta coisa interessante! Um pó cinza escuro   que se deposita sobre os móveis, uma obra em cada esquina, muitas mulheres bonitas, vendedores e compradores de todos os tipos, policiais e viaturas. Todos trazem sua contribuição ao bem comum e dele se beneficiam, mas alguns se beneficiam mais do que trazem, como os larápios e os políticos. No caleidoscópio da malha social, vários tipos se cruzam e interagem, cada um buscando o seu próprio caminho. A cidade não é mãe, apenas madrasta: pode recompensar ou punir, mas jamais terá sentimentos. O chão onde se pisa é responsabilidade de cada um.             Ainda que o chão seja o mesmo para todos, os fortes, os fracos e os onissos. Automóveis, bicicletas, caçambas e pedestres. Vendedores ambulantes, entre os quais viceja a dura luta que as classes populares têm que encarar no dia a dia. Um verdureiro fabricou sua banca segundo o modelo de um carro de bois, com r

ZAÍRA E OS POETAS

                Não é todo dia que se é convidado para uma reunião de poetas. Especialmente quando não se é um, como é o meu caso. Mas escrevo também sobre poetas, e tomara que isso acabe me impregnando de algum modo, já que a poesia é um mistério que me assusta e fascina.             Fascina-me pela natureza de sua revelação: nem todos conseguem combinar as palavras de modo a obter o efeito poético. Alguns dirão, talvez a maioria, que tudo é uma questão de técnica e que poesia se aprende fazendo, que é um oficio de palavras, etc. Mas não é. Poesia supõe uma afinação entre emoção e palavra - qualquer que seja a emoção, sublime ou decadente – que não se obtém por simples querer. Ela não exige sequer um determinado nível de instrução ou cultura (como bem mostra Patativa do Assaré, “poeta da roça”, como ele mesmo se definia), pode surgir no ser e depois desaparecer (vejam o caso do Rimbaud, que abandonou a poesia para ser um reles comerciante nômade) ou manifestar-se na idade