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Mostrando postagens com o rótulo Poesia Marginal

O INCRÍVEL RÚCULA

              Por alguma razão, toca-me escrever sobre meus amigos, tanto vivos quanto mortos. Na medida em que o tempo passa, o segundo grupo aumenta, e é com tranquilo pesar que vejo em cada um que se vai o lembrete de que minha hora também há de chegar. Enquanto espero, vivo (tranquilamente) todas as horas, escrevo (inevitavelmente), que seja como forma de aumentar minha poupança para a viagem final.             Cada pessoa tem um toque especial que merece ser lembrado, Roberto Soares, um amigo dos anos 90 em Belo Horizonte, tinha uma notável veia satírica e uma atitude udigrude (underground) muito simbólica daquela época. Venho agora a saber do seu passamento e lanço ao vento estas poucas impressões.             Numa tarde de fim de ano, lá pelo ano de 1995, enquanto caminhava pelo campus da UFMG, deparei com ...

VAI FUNDO!

            (Imagem: lounge.obviousmag.com)                Tínhamos que nos perfilar no pátio da escola e cantar “eu te amo, meu Brasil, eu te amo; ninguém segura a juventude do Brasil”, depois do hino nacional. O lugarejo não tinha calçamento, mas ser professor ainda era alguma coisa, a gente dizia “sou aluno da Dona Antônia”, com uma ponta de orgulho.             Para as crianças, aquelas frases exaltadas evocavam alguma coisa a que eles pertenceriam, um lugar chamado Brasil; muito diferente, uma espécie de sonho.             Jogar bola na hora do recreio era bom demais. Difícil era ter a bola, as de plástico se desgastavam rapidamente sobre o piso de argila batida. E todos eram pobres, quase ninguém podia ter uma. Então, valia bola de meia e algumas unhas do dedão arrancadas. Alguns usavam congas...