Pular para o conteúdo principal

LONDRES, MUITO MAIS QUE O BIG BEN

O prédio do parlamento e o Big Ben, símbolos da cidade.


         Quando pensamos em uma cidade célebre, vêm-nos à mente seus mitos e estereótipos. Assim, ao invocarmos Londres fazemos imediatamente associações com a monarquia, com o jeito aristocrático de algumas de suas classes sociais, com as brumas de inverno e as cores dos magníficios parques no outono. Os mais in se lembrarão da cidade dos movimentos de cultura popular, berço de inúmeras bandas que ajudaram a definir a linguagem do rock, da swinging london (Mary Quant e a minissaia, no final dos anos sessenta), do movimento punk do final dos anos setenta e outros mais recentes. Podemos citar ainda a aparentemente bizarra mão inglesa, onde "right is wrong", como costumam brincar os próprios ingleses - que é só aparentemente bizarra, porque indo pela esquerda ou direita dá no mesmo - ou o centro financeiro (a City) outrora punjante e agora fortemente abalado pela crise. 
        

Três símbolos da capital britânica nesta foto: o double deck bus, o Big Ben e o Taxi com design pós-guerra.

       A região central de Londres oferece vários pontos de referência. Sua landmark mais conhecida talvez seja o Big Ben, adjacente ao prédio do parlamente. 



Catedral de São Paulo.
        A catedral de São Paulo é outro desses pontos tradicionais e, embora não nos agrade ao primeiro olhar, devido a sua arquitetura demasiadamente pesada, acaba por nos cativar devido a sua harmonia com o conjunto geral dos prédios da cidade.



A cúpula de São Paulo, em harmonia com os prédios adjacentes.



A Millenium Bridge, ponte pedestre sobre o Tâmisa, com São Paulo ao fundo.

        A Millenium Wheel ou London Eye, como é mais popularmente conhecida, é hoje a principal atração turística da cidade. Debruçada sobre o rio Tâmisa, logo à frente do parlamento e do Big Ben,  oferece uma vista de 360 graus sobre a cidade, a uma altura de 100 metros.


O London Eye sobre o Tâmisa.


Vista do rio Tâmisa a montante, a partir do London Eye,





Detalhe interno de uma das cápsulas do London Eye.

Estação de Waterloo, vista a partir do London Eye.


          A modernização da cidade faz com que surjam novos pontos de  referência, novas landmarks. A supremacia do London Eye é agora ameaçada pelo novíssimo Shard London Bridge, edifício mais alto da Europa, em fase final de consstrução. Contemplando a metrópole do alto de seus de 310 metros de altura, já se tornou onipresente na paisagem da cidade:
O Shard Longon Bridge, edifício mais alto da união européia, com 310 metros, ainda em construção.
O Shard visto da Torre de Londres.
Vira
Viramos uma rua e olhamos para o sul e lá está o indefectível Shard.

          A mistura do antigo e moderno, que se apresentam lado a lado, num diálogo de formas e estilos, dá ao sítio grandioso da cidade uma dinâmica que não encontramos em muitas capitais européias. Londres é intensa e vibrante, cheia de gente jovem.

No primeiro plano, à esquerda, a prefeitura da cidade. Ao fundo, os prédios modernos da City, o centro de negócios.

       Gosto muito das intervenções modernos da região central de Londres, que são leves e bonitas e dão mais luz à cidade, onde o sol brilha por breves instantes, antes de ser coberto por nuvens de chuva. Como costumam brincar os próprios londrinhos, a cidade apresenta quatro estações em um dia: no verão, o sol brilha em lampejos  metálicos; logo um vento forte sopra através do rio; tudo escurece e uma chuva rápida cai, gerando entre os turistas uma divertida correria para se proteger sobre as marquises. Já os ingleses, sacam impassíveis seus guarda-chuvas e seguem adiante.


A dança da chuva, que se repete de hora em hora.

       Londres é agradável ao caminhar, pois é uma cidade "aberta" e integrada, no sentido de que as  construções se integram dentro do plano urbano, sem muros de separação ou passeios altos. Embora seja a maior cidade da Europa, com mais de 8 milhões de habitantes, não é bruta e desumana, como acontece com a grande maioria dos grande centros urbanos. Ao nível da rua, a cidade é projetada na dimensão do pedestre. A seguir, mais alguns exemplos do que vemos ao andar por ela:

Passeios largos, com edifícios em comunicação com o espaço público, sem se isolar do mesmo.




           
        Grande parte dos prédios antigos são encimados por torres e flechas. Entre as brumas, parece uma cidade de  gnomos e fadas:



Em tempo coberto, torres, flechas e cúpulas.



       Alguns aspectos chamam a atenção, como a mania por relógios. No alto das torres ou fixados às fachadas, os relógios são objetos de decoração e traduzem uma relação particular com o tempo:


O Big Ben, o relógio mais famoso da cidade.



Um relógio, dois relógios, relógios por toda parte.

       O leão é o símbolo da monarquia. Sentados ou em pé, os leões estão presentes em praças e esquinas:






Um dos leões de bronze da Trafalgar Square, no coração de Londres.


         Já foi dito que "quem se cansa de Londres, cansa-se da vida". A cidade oferece atração para todos os gostos, mas não exatamente para todos os bolsos. É preciso prover-se de um orçamento generoso antes de partir, sob pena de passar a sanduíche e coca-cola.

      
No primeiro plano, a Torre de Londres, fortaleza medieval e construção mais antiga da cidade. No fundo à esquerda, o topo do inevitável Shard, ainda com guindastes de consstrução.

A arquitetura "aberta", integrando espaços públicos e prédios particulares.


        Cosmopolita e acolhedora, com uma gente bem humorada e extrovertida, Londres é grande e misteriosa. Inspira pelo bizarro e pelo previsível, sem cobrar do visitante nada mais do que se deixar levar por suas vias cheias de história.


À esquerda, o Parlemento; ao fundo, o Big Ben; à direita, o London Eye.


        Um até breve à capital dos britânicos. Não me canso de Londres, assim como não me canso da vida.



Abrão Brito Lacerda

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

IBIRAJÁ

            Ibirajá é uma vila do município de Itanhém, no Extremo-Sul da Bahia. Fica às margens do Rio Água Fria e possui um lindo sítio, entre montanhas e campos de verdura. Quem ali morou no auge de seu progresso, nos anos 1960 e 1970, impulsionado pela extração de jacarandá na mata atlântica e o garimpo de águas marinhas nas lavras do Salomão, jamais esqueceu. Era um lugar primitivo, onde se misturavam baianos, capixabas, libaneses e italianos. O orgulho nativo continua em alta com os atuais moradores, que mantêm um ativo grupo no Facebook.             Entre o Ibirajá e as Fazendas Reunidas Coqueiros, localizadas a 9 km a jusante do Rio Água Fria, passei minha infância. A força telúrica da visão infantil e a poesia intensa dos eventos nascidos da vida bruta de antanho inspiraram meu livro Vento Sul, que agora ganha um novo interesse, no momento em que publico o segu...

PAULO LEMINSKI: POESIA DO ACASO

Falarei do acaso para falar de Paulo Leminski (1944 – 1989), um dos poetas modernos que mais admiro e que leio com mais prazer. Pretendo transmitir um pouco da fruição que sinto ao ler seus poemas, como, por exemplo, o prazer do inesperado:          eu ontem tive a impressão que deus quis falar comigo         não lhe dei ouvidos quem sou eu para falar com deus? ele que cuide de seus assuntos eu cuido dos meus Você achou o poeta petulante demais? Ora, ele está apenas fingindo uma humildade que não possui, pois, enquanto artista, deve buscar o absoluto, o não dito. Deve rivalizar-se com Deus (seus assuntos são tão importantes quanto os do Criador, ora bolas!).          Acadêmicos e gente que adora esfolar o cérebro dirão que o acaso não existe, mesmo na arte, que tudo é obra de saber e técnica, etc., etc. Mas apreender o acaso é tudo que...

TU ES PLUS BELLE QUE LE CIEL ET LA MER: Un poème de Blaise Cendrars

             Feuille de titre, avec dessin de Tarsila do Amaral           C’était en 1983, je crois. J’étais chez un ami traducteur, avec qui je passais des heures à brûler des joins, essuyer des scotchs et rouler les mots à propos de tout et de rien. Une échappée belle dans sa bibliothèque et j’en suis sorti avec un petit livre de la taille d’un paquet de cigarette, que j’ai commencé à lire au hasard – une page, deux... et, tout de suite, cette merveille : Tu es plus belle que le ciel et la mer Quand tu aimes il faut partir Quitte ta femme quitte ton enfant Quitte ton ami quitte ton amie Quitte ton amante quitte ton amant Quand tu aimes il faut partir Le monde est plein de nègres et de négresses Des femmes des hommes des hommes des femmes Regarde les beaux magasins Ce fiacre cet homme cette femme ce fiacre Et toutes les belles marchandises II y a l'air il y a le vent Les m...