A
arquitetura de Londres chama a atenção pela combinação dinâmica do tradicional
e do moderno. O sítio da cidade ajuda, com um rio grandioso partindo-a ao meio
e duas margens que rivalizam em landmarks
e extravagâncias.
Na margem esquerda estão os principais monumentos e a maioria
dos edifícios públicos, como o Parlamento, o Palácio de Buckingham, a
Trafalguar Square e as vias comerciais mais movimentadas, como a Oxford Street
e a Regent Street.
O Big Ben visto do South Bank, margem direita do Tâmisa, na região central da cidade. |
A margem direita, tradicionalmente
devotada à arte e à vida noturna, deu o troco nas últimas décadas e lá se
instalaram o City Hall, a prefeitura, um edifício de vidro de forma oval, devidamente
batido de The Egg, o London Eye, o “olho de Londres”,
nome através do qual se
popularizou a roda gigante chamada inicialmente de The Millenium Wheel e, last but not least, o The Shards, o
edifício mais alto da Europa, com 87 andares e 300 metros de altura, agora visível de toda parte
como uma espécie de torre de vigia.
The Egg, O Ovo, é a nova sede da prefeitura municipal. |
Há uma tendência ao superdimensionamento, ao
hiperbólico, muitas vezes ao excêntrico. Que a cidade seja grandiosa
explica-se, afinal foi o centro de um império planetário durante séculos.
Quanto ao bom gosto, pode-se discutir, sobretudo quando a comparamos a sua arquirival
do outro lado da Mancha,
A Cidade Luz, de arquitetura baseada em linhas puras e
dimensões harmoniosas, clássica como uma imagem de museu. Londres é mais
subversiva e imprevisível, por isso mais excitante. Mais dinâmica também, com
sangue urbano fervilhando nas veias.
A Catedral de São Paulo e seu relógio - viva o grandioso, mas o bom gosto é algo que se pode discutir. |
Entre as excentricidades,
destaca-se a obsessão por relógios. Desde o emblemático Big Ben, realmente
muito bonito, sobretudo quando observado enquanto se caminha do South Bank até
o prédio do Parlamento através da ponte de Westminster, passando pelo relógio
de quatro mostradores da estação Waterloo,
lugar tradicional de rendez-vous (“Vamos
nos encontrar debaixo do relógio da Estação Waterloo”), até o magnífico mostrador
em ferro trabalhado do relógio central da estação King’s Cross.
O centro comercial Canary Wharf, visto a partir do relógio do Observatório Greenwich. |
Estações e locais
públicos importantes devem realmente ter relógios. Mas, admitamos, os ingleses adoram
esses símbolos de pontualidade e respeito aos compromissos mais do qualquer
outro povo.
Chama a atenção a mania de pendurá-los na fachada de prédios ou
espetá-los no alto de colunas e postes, sem outro propósito explícito além da
decoração.
"Vamos nos encontrar debaixo do relógio da Estação Waterloo". Não tem erro. |
Em Londres, você pode até
perder a direção, mas jamais perderá a hora. Nem sequer se faz necessário
perguntar “What time is it?” – basta observar em redor para ter a resposta.
Os relógios da cidade são
como olhos que velam sobre os que compartilham as ruas congestionadas. Indiferentes? Talvez.
Coluna de Nelson na Praça Trafalgar. Está faltando o relógio. |
Você é um ótimo guia turístico, Abrão.
ResponderExcluirCativante o texto. Vontade de conhecer a cidade!
Das cidades que conheço, é minha favorita. Grande porém civilizada, cara mas irresistível, excêntrica contudo amigável.
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