Consta no dicionário que “coro é uma
formação vocal de pequeno porte, também chamada conjunto ou grupo”, mas a
professora de canto diz que coro é o mesmo que coral e que, portanto, somos um grupo
de canto e ponto final. A professora, a propósito, deveria ser chamada de regente,
o que a honraria muito mais do que ser tratada como uma mestra de jardim de
infância, porque essa coisa de soltar a voz é como aprender a comer com garfo, requer
treino e treino.
E
o grande desafio de cantar é – novidade! - não desafinar, o que significa não
descer quando os demais estão subindo ou disparar um “ré” quando todos estão em
“lá”. Coisas que se aprende com ensaio, concentração e muito chá de maçã, que
limpa e calibra as cordas vocais, como um tonificante natural.
O
mais engraçado dos grupos, coros ou corais são as fotos, elas mostram como a
diversidade humana se manifesta na voz. Isso porque as cordas vocais adoram pregar
peças. As contraltos podem perfeitamente ser as baixinhas do contra, um baixo
pode ser alto, e sua cabeça se destacar na hora da foto, outro pode ser do tipo
que leva o apelido de tampa de binga. Os tenores sofrem com o complexo de Pavarotti,
aquela coisa de ter que sustentar as notas mais altas enquanto os demais descansam
ou tiram meleca do nariz. Melhor seria
ser barítono e cavalgar confortavelmente as notas médias, como o mi 2 e o fá 2, mas voz não é coisa que se escolhe.
De
qualquer modo, independentemente da voz, todos podem cantar, bem ou mal é uma
questão de prática. Por isso a escolha do repertório é tão importante. Não
adianta querer o impossível, sonhar com a Glória, se ela está resfriada e sua
voz de soprano soa como um bumbo frouxo. Nos ouvidos dos cantantes de primeira
viagem, ressoam obras como “Aleluia” de Haendel ou “Ode à Alegria” de
Beethoven, entre chuvas de pétalas, do alto de um correto imaginário. Contudo,
se o maestro tem os pés no palco, ela vai varrer suas ilusões para o fundo da
coxia e fazê-los cantar “Cabeça Inchada” de Luiz Gonzaga” ou “Minha canção” de
Chico Buarque até a exaustão. E, quer saber, o Rei do Baião merece tanto respeito
quanto o gênio tedesco. O que vale é a
música e sua capacidade de espantar os males, próprios e alheios.
O que as crianças fazem enquanto os pais se divertem? |
©
Abrão Brito Lacerda
28 06 15
Ficaram bem demais na foto.
ResponderExcluirVou aparecer qualquer hora dessas. Quem sabe não aumente a desafinação?
Abraços a todos!
Caro Zé. Você sabe que tem lugar para você. Agende: próximo ensaio dia 2 de Agosto, domingo, sempre às 16 horas. Um grande abraço.
ExcluirPode deixar!
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