Tam! Taram! Tam! Antes de instalar a
lei da selva, índio enviou mensagem à presidenta: “Querer é poder, diz homem
branco. Indio quer, índio pode. Igualdade entre povo tapuia e os pelotudos”
(era assim que se referiam aos homens brancos). Manifestaram-se diante do
congresso nacional e nos estádios de futebol, dançaram o huka-huka, pintados para
a guerra.
“Indio quer falar com homem branco nas
terras do povo Xamainam”. Não respeitavam Brasília e seu Lago dos Cisnes, por
isso a conversa aconteceu no Parque do Xiang, próximo a Manaus (informação que
pode ser facilmente verificada em um mapa).
O grande cacique branco levantou o
cetro da sabedoria:
- O quê índio quer?
- Indio qué muié.
- Não pode ser espelho, um ap. de dois
quartos, um... honda civic?
- Não. Tem que ser muié.
- E por que índio que nunca comeu queijo
agora quer goiabada?
- Indio chegou primeiro. Antes do homem
branco, índio já comia fruta das matas.
- Mas nessa época as matas eram
virgens.
- Indio vai fazê sarapaté se num ganhá...
- Só tem um problema: branco também
quer.
E foi aí que criaram a Lei do Penalty,
a Lei da Previdência e a Lei da Selva.
Povo Tapuia não ficou satisfeito,
sentiu-se enganado. Convocou todas as ONGs internacionais para uma rodada de
protestos contra o racismo dos brancos, porque índio quer mulher branca, assim
como os mulatos e os cafusos.
- Vamo protestá e ixigi suspensão da
Constituição. Queremos direitos de índio na Constituição.
- Abaixo a Constituição! Nenhum deputado
índio escreveu a constituição!
- Nenhum deputado de Caxias, também!
- Cala a boca, pelotudo! Isto
aqui é protesto de índio!
- Protesto contra esse protesto de
índio!
Ordem! Senão não consigo continuar esta
história!
- Abaixo o PT! Partido dos Tapuias!
Vramm! Vramm! Vramm! Os tambores de
guerra soaram na Esplanada dos Mistérios. Armados com seus mais efetivos
dissuadores, como sacos de pulgas e jacarés famintos do Araguaia, os tapuias
investiram contra o senado pelotudo, obrigando a presidenta a fazer manobras de
emergência para segurar-se ao poder:
- O quê índio quer? - indagou a
presidenta, em seu tom firme e dissuasivo.
- Indio qué – começou grande cacique
Atabaque –, índio qué...
- Indio quer o quê? – repetiu a
presidenta, impaciente.
Grande cacique Atabaque mirou a
presidenta e gaguejou:
- I-indio... não qué muié...
©
Abrão
Brito Lacerda
atualizado 13 07 16
atualizado 13 07 16
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