Passei o ano de 2014
falando de minhas amigas, agora vou falar de alguns amigos. Afinal, homem
também é importante, como dizia a Mae West, aquela que se casou 11 vezes. Não é
porque a mulher cria e procria que vamos esquecer a outra metade da humanidade.
E como estas são histórias verdadeiras, qualquer semelhança com pessoas bem
vivas não será mera coincidência.
Meu amigo José Roseira é
o cara. Artista dos mais populares na rede, é difícil você se destacar entre os
milhares que o seguem. Ficou até sem graça dar um “like” para a foto que ele
acabou de postar, você se apressa com o dedo indicador, não precisa ser o
primeiro, o quinto já bastaria, e aparece aquela mensagem: “Você e outras 598
pessoas curtiram isso.”
Já o Plácido Domingues é
um injustiçado. Todo dia milhares de pessoas ao redor do mundo o confundem com
o famoso tenor espanhol e visitam sua página. Mas ninguém deixa comentários,
ninguém “like”. Ele até virou cantor em um coral e tem refinado seus
comentários sobre política, filosofia, medicina chinesa e hologramas bifásicos.
Sua companheira e mais três amigos curtem, e só.
(imagem: www.sul21.com.br) |
E tem o Anacleto
Bolivariano, acho que todo mundo tem um amigo assim, e não é defeito. Ele cruza
os ares de norte a sul dando palestras sobre a cor da gente injustiçada pelas
elites corruptas deste país. É contra o aburguesamento das novas classes, essa
coisa de negão querendo casar com loira não é com ele. Mas pode mudar de
opinião se o cachê for bom.
Nem sequer publicar um
livro virou prova de que a pessoa tem algo a dizer. Pode até ser o contrário. O
Robério perdeu metade dos amigos depois que passou a anunciar seu livro na
rede. O único comentário, supostamente positivo, veio em uma língua que ninguém
deste lado do mundo consegue entender: 一个人如何抓紧时间写这样的事情!
E tem gente que critica a
falta de cultura, essa coisa pré-bolivariana. Estamos numa época em que todos
precisam comer, e aí não sobra cultura para todo mundo, sabe como é, feijão
pouco, meu caldo de cultura primeiro. A fome é tanta que estão comendo as
letras, “você” virou “vc”, “Eu te amo” agora se escreve “β → ∆" e, pasmem, a
cultura brasileira perdeu o “l”, agora se escreve "cu..." Desculpem, recuso-me a
chegar a tal nível só por um “curtir”. Não mesmo, prefiro me mudar pra Miami!
©
Abrão Brito Lacerda
03 01 15
(imagem: www.techtudo.com.br) |
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