Francisco era operário em uma fábrica de tubos para construção. “Operário qualificado”, como dizia orgulhosamente, pois já tinham se passado os tempos duros de servente, e ele agora desenvolvia sua jornada sob os mandos da direção. Sobe! Desce! Avisa! Busca! Em todos os seus projetos, aposentar-se naquele emprego era a prioridade. Contava os anos, somava as contribuições para a previdência, juntava as máquinas de sua futura oficina no quintal de casa, com a qual haveria de trabalhar até os dias finais da velhice. Suas atitudes variavam segundo o lugar em que estava. Em casa, submetia a paciente mulher a um regime espartano, vivia às turras com os filhos adolescentes. Dizia: “Se pisarem no meu calo, dou o troco!”; “É do aproveito que o pobre vive”; “Só fiz escola primária, mas quero ver minha filha professora”. ...